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Blog da Eunice

sábado, 28 de julho de 2012

A ocupação estratégica de uma Amazônia sustentável



Após pesquisar a fundo a política de ocupação da Amazônia do último século e os objetivos de grandes empreendimentos contemporâneos como a hidroelétrica de Belo Monte, foi possível concluir que:

a) Está equivocado o modelo de ocupação da Amazônia com grandes projetos capitalistas que resultam em degradação do meio-ambiente, conflitos sociais e pressão sobre terras indígenas. Este modelo que surgiu na ditadura militar não pode ser repetido. Belo Monte reafirma esta lógica, e tal como está concebido será um desperdício de recursos com impactos ambientais, econômicos e sociais irreversíveis, e que acabam por reafirmar o modelo primário-exportador. A Amazônia pode receber grandes projetos e inclusive hidroelétricas, desde que sejam exaustivamente debatidos dentro de uma lógica de ocupação estratégica de longo prazo, no qual sejam dadas todas as garantias de sustentabilidade ambientais, econômicas e sociais, o que não está acontecendo.

b) A luta por uma Amazônia sustentável não deve ser feita com organizações estrangeiras financiadas pelos EUA e por países europeus que utilizam a questão ambiental, social e indígena como pretextos para controlar a Amazônia, reduzir a soberania brasileira ou transformá-la em reserva de recursos para o capital explorar no futuro. Dessa forma é uma ofensa à soberania nacional qualquer tipo de "declaração de guerra". Existem pessoas que realmente se preocupam com a floresta e a questão indígena, mas se equivocam ao aliar-se àqueles que exterminaram seus índios e devastaram sua floresta, e que vêem a Amazônia apenas como um grande negócio. É importante se atentar que estes mesmos países boicotaram a Rio+20 e não ratificaram o protocolo de Quioto. O que dizem, portanto, não condiz com o que fazem.

c) Desenvolvimento é escolha e tomada de decisões. O modelo predatório de ocupação da Amazônia, que é uma herança da ditadura militar, deve ser substituído pelo Plano Amazônia Sustentável (PAS) formulado no primeiro mandato de Lula, mas que se encontra engavetado na Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos. Não haverá conservação da floresta sem considerar seu fator humano que é o índio, o caboclo, o ribeirinho, o agricultor e todos que a habitam. Da mesma forma que aqueles que vivem na cidade têm o direito de usufruir dos avanços da civilização, os que habitam a Amazônia também o têm e o desejam, mas sem perder suas tradições e costumes. Lembrando que a Amazônia continua sendo a região com maiores índices de pobreza, desnutrição, mortalidade infantil e analfabetismo de todo o país. Por isto o desenvolvimento é não apenas um desejo, mas uma necessidade. Porém, um desenvolvimento direcionado para uma economia sustentável e que tenha como objetivo o progresso do ser humano e não a simples reprodução do capital e a maximização dos lucros.

Em síntese, a questão nacional e social devem estar articuladas à questão ambiental. Sem soberania nacional não há preservação da Amazônia. Sem olhar para os problemas sociais dos que lá habitam reproduziremos a fome e a pobreza enquanto gigantes empreendimentos capitalistas sugam recursos que pertencem a todos os brasileiros para exportar em bruto. Este capitalismo "selvagem" não serviu e não serve ao país.

Por um amplo debate NACIONAL sobre a ocupação estratégia da Amazônia!
Contra projetos de alto impacto social e ambiental que configurem irreversibilidade!
Pela implantação do Plano Amazônia Sustentável!



Thomas Henrique de Toledo Stella


 Consultor e Professor de História Econômica e Relações Internacionais, Historiador pela FFLCH/USP, Mestre em Desenvolvimento Econômico pelo IE/Unicamp.

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